domingo, 31 de dezembro de 2006

Minha Lenore Perdida


Por tua promessa lamentada
Pelos seus olhos de rapina
Pela sua beleza e um nascer do sol escarlate
Possa teu rio sepultar suas lágrimas prateadas
Um anjo caído...
Conservado como relíquia em mares enluarados
Deixando a vitalidade
Tão serena cria-se minha escuridão
Suplicando ventos de inverno
Ainda que eu parta... eu abraço a ti
Noite de inverno
Oculte tua preciosa sabedoria angelical
Eu segrego minha alma
Sob tuas asas do sofrimento
Escuridão eu abraço teus olhos
Viagem perdida no estreito caminho da vida
Eu revelo meu coração
Para esta beleza vestida de preto
Angustiantes olhos de rapina
Cai adormecido com o nascer do sol
Deleitável brisa de solstício de verão
Ainda que eu parta... eu espero por ti
Conceda-me tua última brisa de solstício de verão
Possa tu erguer-se do sono eterno
... minha paixão
Dance comigo sob teus mares enluarados
Espiando ansiosamente dentro do abismo
Uma fria e exaustiva noite
Noite de inverno
Descendo-me como flocos de neve
Eu abraço o frio
Por uma vida tão seguinte
Escuridão eu abraço teu coração
Viajante perdido além dos véus da madrugada
Eu oculto tua perda
Encantado em vida ainda silencioso eu lamento
Minha Lenore perdida...

Tradução da letra de ´´ My Lost Lenore´´ do grupo Tristania
especiais agradecimentos pela foto a Marcela Raider

sábado, 23 de dezembro de 2006

O Lado Negro da Força



Paz é uma mentira, existe apenas paixão.

Pela paixão, ganho força.

Pela força, ganho poder.

Pelo poder, ganho vitória.

Pela vitória, arrebento minhas correntes.

A Força me libertará.


( trecho do filme ´´ A Vingança dos Sith´´ )

domingo, 17 de dezembro de 2006

O Corvo


    Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
    Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
    E já quase adormecia, ouvi o que parecia
    O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
    "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.

    É só isto, e nada mais."

    Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
    E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
    Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
    P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
    Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,

    Mas sem nome aqui jamais!

    Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
    Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
    Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
    "É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
    Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.

    É só isto, e nada mais".

    E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
    "Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
    Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
    Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
    Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.

    Noite, noite e nada mais.

    A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
    Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
    Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
    E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
    Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.

    Isso só e nada mais.

    Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
    Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
    "Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
    Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
    Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.

    "É o vento, e nada mais."

    Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
    Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
    Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
    Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
    Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,

    Foi, pousou, e nada mais.

    E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
    Com o solene decoro de seus ares rituais.
    "Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
    Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
    Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."

    Disse o corvo, "Nunca mais".

    Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
    Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
    Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
    Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
    Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,

    Com o nome "Nunca mais".

    Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
    Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
    Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
    Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
    Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".

    Disse o corvo, "Nunca mais".

    A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
    "Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
    Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
    Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
    E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais

    Era este "Nunca mais".

    Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
    Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
    E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
    Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
    Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,

    Com aquele "Nunca mais".

    Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
    À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
    Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
    No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
    Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,

    Reclinar-se-á nunca mais!

    Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
    Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
    "Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
    O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
    O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"

    Disse o corvo, "Nunca mais".

    "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
    Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
    A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
    A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
    Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!

    Disse o corvo, "Nunca mais".

    "Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
    Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
    Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
    Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
    Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"

    Disse o corvo, "Nunca mais".

    "Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
    Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
    Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
    Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
    Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"

    Disse o corvo, "Nunca mais".

    E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
    No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
    Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
    E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

    Libertar-se-á... nunca mais!!

Edgard Allan Poe
Traduzido por Fernando Pessoa

sábado, 9 de dezembro de 2006

A Borboleta Verde

Em maio, junho ou julho,
alegre, o coração em festa,
ao meio-dia, ide a uma floresta,
e após bastante meditar
e ao vosso padroeiro vos recomendar,
dizei a oração das Salamandras sem medrar

A árvore maior tratai de escolher
e , sem receios, procurai galgá-la
Ao vosso encontro borboletas virão contra seu rosto bater
A maior procurai agarrá-la.

Voltai, depois , à casa, e um fogo acendei
e que seja com lenha de amieiro ouça bem o conselho que te dei !

Dentro jogai um pouco de aguardente
prevenindo o rosto contra as chamas pra não ficar descontente

Então terás uma grande surpresa !
Aos seus pés Aschtaroth como sua presa .

Medite e pense sem malogro
Agora acautele-te com o ogro
Para que Aschtaroth não te faça uma vítima de um logro !

( oração sibilina de autoria desconhecida )

sábado, 2 de dezembro de 2006

Os Sete Maus Espíritos


Eles são sete, eles são sete!
No poço das profundezas, eles são sete !
No fulgor dos céus, eles são sete !

Cresceram num palácio situado nas profundezas.

Não são fêmeas nem machos;

seus caminhos ficam em meio às profundezas.



Não têm esposas nem filhos,

não conhecem a Ordem nem a Misericórdia

Não ouvem preces nem súplicas.


Entram na caverna da montanha,

e são hostis a HEA,

são os que sustentam o trono dos deuses.

Maltratam os lírios nas torrentes,

e são maléficos, maléficos !

Eles são sete, são sete, novamente são sete.


Lembra-te disso, Espírito do Ceú!

Lembra-te disso, Espírito da Terra !



trecho de antigo Hino Acadiano,
traduzido originalmente por Arthur Edward Waite
WebPost Contador!