domingo, 30 de setembro de 2007

Os governos segundo Tolstoi


( Os governos )... fingem proteger a sociedade de repressões , enquanto, em sua maioria, vivem apenas graças à embrigaguez dos povos; como fingem garantir a liberdade e a constituição, enquanto seu poder mantém-se graças à ausência de liberdade; como fingem cuidar da melhoria dos trabalhadores, enquanto sua existência repousa sobre a opressão do operário; como fingem sustentar o cristianismo, enquanto o cristianismo destrói qualquer governo.


Nossa sociedade incumbe-se da repressão, mas de modo que este cuidado não possa diminuir a embriaguez; da instrução, nas de modo que , longe de destruir a ignorância, não faz senão aumentá-la;da liberdade e da constituição , mas de modo que não se impeça o despotismo; da sorte dos operários, mas de modo que não sejam alforriados da escravidão; do cristianismo, mas do cristianismo oficial que sustenta os governos, em vez de destrui-los.


* trecho retirado do livro ´´ O Reino de Deus está em Vós´´ de Leon Tolstoi em seu Capítulo VI de título ´ Os homens de nossa sociedade e a guerra ´

sábado, 22 de setembro de 2007

Índios


Quem me dera, ao menos uma vez,
Ter de volta todo o ouro que entreguei
A quem conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.

Quem me dera , ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender :
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais por não ter nada a dizer

Quem me dera , ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera , ao menos uma vez,
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês -
É só maldade então , deixar um Deus tão triste.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta pra mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do inicio ao fim
E é só você que tem a cura do meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Quem me dera , ao menos uma vez,
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado.

Quem me dera , ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não se atacado por ser inocente.

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho.
Entenda - assim pude trazer você de volta pra mim,
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do inicio ao fim
E é só você que tem a cura por meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui.

Renato Russo


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