sábado, 18 de novembro de 2006

Remorso Póstumo


Quando fores dormir, ó bela tenebrosa
Em fundo de uma cripta em mármore lavrada
Quando tiveres só por alcova e morada
O vazio abismal de carneira chuvosa;

Quando a pedra, a oprimir tua fronte medrosa
E teus flancos a arfar de exaustão encantada,
Mudar teu coração numa furna calada
Amarrando-te os pés na rota aventurosa,

A tumba, confidente do sonho infinito
(Pois toda a vida a tumba há de entender o poeta),
Pela noite imortal de que o sono é prescrito,

Te dirá: "De que serve, hetaira incompleta,
Não teres conhecido o que choram os mortos?"
E os vermes te roerão assim como os remorsos.


Charles Baudelaire
tradução Jamil Almansur Haddad

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

nossa q lindo isso...nao conhecia *_*
belo belo belissimo rs...adoro este tipo de poemas :p bjs

5:34 PM  

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