sábado, 21 de outubro de 2006

O Vampiro


Tu que, como uma punhalada,

Em meu coração penetraste,

Tu que, qual furiosa manada

De demônios, ardente, ousaste,



De meu espírito humilhado,

Fazer teu leito e possessão

- Infame à qual estou atado

Como o galé ao seu grilhão,



Como ao baralho o jogador,

Como à carniça ao parasita,

Como à garrafa ao bebedor

- Maldita sejas tu, maldita!


Supliquei ao gládio veloz

Que a liberdade me alcançasse,

E ao veneno, pérfido algoz,

Que a covardia me amparasse.



Ai de mim! Com mofa e desdém,

Ambos me disseram então:

"Digno não és de que ninguém

Jamais te arranque a escravidão,



Imbecil! - se de teu retiro

Te libertássemos um dia,

Teu beijo ressuscitaria

O cadáver de teu vampiro!


Charles Baudelaire

(Tradução de Guilherme de Almeida e Ivan Junqueira)

1 Comments:

Blogger A Especialista said...

uau!
e eu achando que fosse seu...
muito bom.

beijocas.

9:07 AM  

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