domingo, 12 de novembro de 2006

Taça Feita de Crânio Humano




Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás — pobre caveira fria —
Único crânio que, ao invés dos vivos,

Só derrama alegria.


Vivi! amei! bebi qual tu:
Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!...
que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;

— Taça — levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do reptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,

Vá nos outros o espírito acender.

Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro

Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo!
Uma outra raça,

Quando tu e os teus fordes nos fossos,

Pode do abraço te livrar da terra,

E ébria folgando profanar teus ossos.


E por que não?
Se no correr da vida

Tanto mal, tanta dor aí repousa?
É bom fugindo à podridão do lodo
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!


Lord Byron

( Tradução de Castro Alves )

1 Comments:

Blogger Lucas said...

Adoro esse poema, ums dos melhores de Byron.
A tradução de Castro Alves também é muito boa, mas fico imaginando uma tradução feita por Augusto dos Anjos, esse poema tem muito a ver com ele.

3:55 AM  

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